Introdução
Síndrome do ombro congelado ou capsulite adesiva (CA) é uma das síndromes
dolorosas do ombro, que mais tem gerado controvérsias, tanto no diagnóstico
como na terapêutica. Isto se deve à complexa etiologia, muitas vezes
desconhecida e a semelhante clínica com outras patologias relacionadas com o
ombro.
Anatomia
e Fisiopatologia
A capsula articular da articulação do ombro
(glenoumeral) funciona como uma bolsa que contém o líquido articular, responsável
pela nutrição da cartilagem e pela lubrificação desta articulação. A cápsula articular tem uma quantidade
considerável de folga, apresentando um tecido mais frouxo que permite o ombro
realizar todos os movimentos e ajuda a estabilizar esta articulação.No ombro
congelado, existe uma inflamação da cápsula articular que se
"enruga, enrijece", diminui de tamanho e fica mais rígida. Isto limita seriamente a capacidade do ombro se movimentar,
e faz com que o ombro "congele" causando
muita dor.
As alterações articulares progressivas
da ocorrem em quatro estádios.
Estágio I (pré-adesivo):
há reação inflamatória sinovial;
Estágio II(sinovite
adesiva aguda): há sinovite proliferativa e início do colabamento das paredes
dos recessos articulares e aderências da cápsula na cabeça do úmero;
Estágio III (maturação):
há regressão da sinovite e franco colabamento do recesso axilar;
Estágio IV (crônico):
as aderências estão maduras, retraídas e restringem fortemente os movimentos da
cabeça do úmero em relação à glenóide.
Classificação
Pode ser classificado em:
Primário ou Idiopático: que
contém o grupo em que ocorre a contratura capsular que aparece após mínimo ou
nenhum trauma e tem um processo fibrótico intrínseco na cápsula; além disso, a
etiologia é desconhecida;
Secundária:
pode começar depois de uma lesão no ombro como fratura ou cirurgia, após
período de imobilização (por alguma razão, imobilização de uma articulação após
uma lesão parece desencadear a resposta auto-imune em algumas pessoas), estar
associado a cirurgias não relacionadas com o ombro, e até mesmo após um ataque
cardíaco, patologias pulmonares, diabetes e outros problemas do ombro
como bursite, lesões do manguito rotator ou síndrome do impacto. A grande diversidade
de condições clínicas as quais pode estar associada, justifica a controvérsia
sobre a etiopatogenia.Vários estudos indicam que a natureza da lesão que
provoca a retração capsuloligamentar é, ou pode ser multifatorial.
Etiologia
A Incidência da CA é de cerca de 2% na população. Principalmente, na faixa etária dos
Evolução Clínica
A dor, de início insidioso que se agrava rapidamente, é o primeiro
sintoma da doença que progride em três fases.
Fase 1(Inflamatória
/ Dolorosa): aparece de maneira insidiosa, gradual, mal localizada, com perda
lenta e progressiva da mobilidade passiva e ativa do ombro, e tem como sintoma
principal a dor. Apresenta duração de 2 a 6 meses.
Fase 2(Rigidez):
caracteriza-se pela limitação da mobilidade, principalmente rotação externa,
elevação até 100 graus, com dor leve e persistente. Esta fase pode variar de 6 a 24 meses.
Fase 3(Remissão da doença /
“Descongelamento”) ocorre o retorno gradual dos movimentos, de forma lenta e
progressiva ao longo de meses. O período de duração desta última fase pode
variar de 6 a
12 meses.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, Os
exames complementares que podem ser solicitados são: radiografias simples,
radiografias com contraste intra-articular (artrografia com duplo contraste ou
pneumo-artrografia) e ressonância magnética com contraste intra-articular ou
endovenoso. A finalidade do contraste intra-articular é distender a cápsula
articular e verificar a sua retração para confirmar o diagnóstico.
Tratamento
O tratamento é principalmente conservador, sem
necessidade de cirurgia. A
maioria dos pacientes melhoram muito, mas o processo pode levar meses. O tratamento inicial é feito com antiinflamatórios
com objetivo de diminuir a inflamação, aumentar a amplitude de movimento do
ombro e aliviar os sintomas. Fisioterapia também é utilizada para recuperar
o movimento e a função de seu ombro. Em
alguns casos podemos lançar mão de bloqueios anestésicos do nervo
supra-escapular, que podem ser realizados de forma seriada (semanalmente) para
ajudar a reduzir a dor e permitir uma fisioterapia adequada. Se o progresso na reabilitação é
lento, pode-se realizar manipulação
sob anestesia, em que é realizada uma manipulação para soltar estes
tecidos encurtados, ou uma liberação artroscópica em que o tecido cicatricial e algumas
partes da cápsula articular são cortados para ajudar a "soltar" ombro.
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